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A cena do rock brasileiro amanheceu mais silenciosa neste 30 de abril de 2025. Perdemos Luiz Antonio Mello, o comunicador inquieto, produtor musical, jornalista e radialista que desafiou padrões e abriu as portas para o rock ser ouvido nas rádios do Rio de Janeiro e Niterói. Um verdadeiro desbravador sonoro, responsável direto por tornar o rock um produto de consumo nas ondas do rádio Fluminense a eterna Maldita, quando isso ainda era considerado impensável.
A equipe da SSROCK lamenta profundamente a partida de Luiz, um nome essencial não só para a história da música, mas também para a nossa própria trajetória enquanto rádio de rock. Tivemos a honra de sermos a única rádio convidada para o evento de lançamento do documentário sobre a icônica Fluminense FM – a “Maldita”, emissora da qual Luiz foi cofundador em 1981 ao lado de Samuel Wainer Filho. E foi ali, naquela sala de cinema repleta de memórias vivas, que sentimos o tamanho do seu legado e da sua ousadia.
Um marco: a Maldita FM e o nascimento do rock nas rádios brasileiras
Luiz não apenas criou uma rádio. Ele arquitetou uma revolução. A Maldita FM, apelido carinhoso da Fluminense, foi a primeira a tocar bandas como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Plebe Rude, Barão Vermelho, Titãs, Kid Abelha e tantos outros nomes que viriam a compor o cânone do rock nacional. Ele viu valor onde ninguém via. Ele escutou o futuro nos porões dos estúdios e bares do underground.
Muito mais que um programador de rádio, Luiz Antonio Mello foi curador cultural, pensador, agitador de ideias e um homem à frente do seu tempo. Na Fluminense, ele criou um espaço que dialogava com os jovens em sua linguagem, rompendo com a mesmice do rádio comercial da época. A rádio virou símbolo de resistência, de ousadia e liberdade — três pilares que a SSROCK também carrega com orgulho até hoje.
Uma carreira irretocável
Luiz começou cedo, aos 16 anos, no Jornal de Icaraí. E não parou mais. Passou pela Rádio Federal (pioneira em jazz e rock alternativo), Rádio Tupi, Jornal do Brasil, Última Hora, Globo FM, Polygram, Warner Music, Rede Manchete, BandNews FM e tantos outros veículos e projetos que moldaram a comunicação cultural brasileira.
Foi responsável pelo lançamento de álbuns de gigantes internacionais como Jimi Hendrix, Dire Straits, Tears for Fears, Eric Clapton, Janet Jackson, Supertramp, e pela introdução do selo Windham Hill Records no Brasil. Como produtor, assinou discos memoráveis e levou o blues brasileiro para novas plateias com nomes como Celso Blues Boy.
Como colunista e crítico, imprimiu sua visão em veículos históricos como O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, além de ser editor cultural, redator-chefe, consultor de marketing, diretor de criação e criador do blog Coluna do LAM, que se tornou uma referência para amantes da cultura e da música alternativa.
Um legado que reverbera
A morte de Luiz Antonio Mello, aos 70 anos, em Niterói, cidade que tanto amava, nos toca profundamente. Ele estava se recuperando de uma pancreatite no Hospital Itacaraí. Sua ausência será sentida, mas seu legado ecoará por décadas. Nas redes sociais, artistas, jornalistas, locutores, produtores e fãs do bom e velho rock já expressaram sua comoção e gratidão.
Nós da SSROCK, enquanto rádio independente, underground, idealista e apaixonada por música, nos sentimos herdeiros do espírito da Maldita. Luiz abriu as portas pelas quais hoje passamos. Nos ensinou que é possível acreditar em música boa mesmo quando ela não é o padrão comercial. Nos mostrou que o rádio pode ser resistência, arte e liberdade.
Obrigado, LAM.
Luiz Antonio Mello não foi apenas uma voz do rádio — ele foi o som que inspirou tantas outras vozes a se erguerem. Nosso respeito eterno. Que sua jornada continue onde estiver, com a trilha sonora que você tanto amava — agora mais alta, mais livre e mais eterna do que nunca.
Equipe SSROCK
🎸 Rock é resistência. Rock é legado.