Quando Sister Rosetta Tharpe subia ao palco com sua guitarra elétrica nos anos 1930 e 1940, ela não pensava em “fazer rock”. Na verdade, para ela, sua missão era levar mensagens de fé através da música gospel. Mas o jeito como tocava, a energia que transmitia e a mistura ousada de estilos fizeram dela uma das figuras mais revolucionárias da música do século XX.
Nascida em 1915, nos Estados Unidos, Rosetta começou sua carreira ainda criança, tocando em igrejas e viajando com sua mãe, também cantora gospel. Sua base musical estava profundamente enraizada nas canções religiosas, mas sua curiosidade e ousadia a levaram a incorporar elementos do blues, jazz e rhythm & blues à sua forma de tocar e cantar. O resultado era um som pulsante, com riffs rápidos, distorção na guitarra e uma presença de palco carismática, que contrastava fortemente com a postura tradicional dos músicos gospel de sua época.
Rosetta provavelmente se via como uma artista de fé que modernizava o gospel, usando a guitarra elétrica e a força rítmica para atrair novos públicos. Ela não vivia o “estilo de vida roqueiro” nem se vendia como tal. Ainda assim, nomes como Chuck Berry, Little Richard, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis não apenas reconheceram sua influência, mas também absorveram muito de sua forma de tocar e performar. Chuck Berry chegou a dizer que “pegou muita coisa” assistindo Sister Rosetta no palco.
Enquanto Rosetta tocava com naturalidade, criando um som único, outros artistas estavam deliberadamente tentando transformar o rock and roll em um produto de massa. Bill Haley, com “Rock Around the Clock”, Little Richard, com seu piano explosivo, e Elvis Presley, com seu carisma e voz versátil, são alguns dos que assumiram o papel de popularizar o gênero nos anos 1950. Eles levaram o rock para as rádios, para a televisão e para o cinema, consolidando o movimento que Rosetta, sem querer, havia ajudado a iniciar.
Hoje, olhando para trás, fica claro: Sister Rosetta Tharpe pode não ter se chamado de roqueira, mas sua música, atitude e técnica na guitarra plantaram as sementes que floresceriam no rock and roll. E, mesmo que não tenha vivido exclusivamente desse gênero, ela permanece como uma das figuras mais importantes para entender como o rock nasceu — não apenas de rebeldia, mas também da fusão de fé, ritmo e inovação.